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Luzes neons e raízes amazônicas, vozes robóticas e cânticos ancestrais, passado e futuro. No espetáculo “IA – Inteligência Ancestral”, ideias que nos ensinaram ser antagônicas se complementam. A história se passa no ano de 2125, em uma realidade distópica, em que a Belém do Pará que conhecemos não existe mais. No futuro, um museu ganha vida e os seus artefatos cantam, conduzindo o público por rios e fios de memória, em busca das vozes que nos antecederam. “Quem são? De onde vieram? Qual cor tem a história que nos moldou?” são perguntas que a poesia de “IA – Inteligência Ancestral” desperta em quem assiste a ela.
A nova peça da Escola de Teatro e Dança da UFPA (Etdufpa) foi produzida coletivamente pela turma de Teatro de 2023, com direção cênica de Andrea Flores e Carmen Virgolino. Construída com base em um mote temático (no caso, o retorno do manto tupinambá da Dinamarca para o Brasil), a produção visa tanto mostrar a independência da arte teatral em relação à literatura como também debater questões urgentes como as identidades múltiplas que constituem os habitantes de Belém, sobretudo a identidade indígena em processo de retomada.
Povos da Amazônia – “Neste ano, que é um ano de COP 30, é muito importante a gente falar sobre as identidades que constituem a floresta, porque as pessoas que estão fora daqui têm uma ideia de que a Amazônia é uma floresta inabitada, que é um lugar de fontes de recursos inesgotáveis. Este espetáculo quer falar que existem guardiões desta floresta. Se esta floresta está de pé, se ela existe, é porque povos indígenas, povos ribeirinhos, populações quilombolas e outras comunidades tradicionais guardam essa biodiversidade, esses saberes, os conhecimentos locais. Então, quem tá vindo aqui pra querer discutir a Amazônia vai precisar sentar com a gente”, explica Carmen Virgolino, encenadora e diretora cênica da peça.
Carmem também conta que a turma fez uma pesquisa por meio de entrevistas com tupinambás que estão em processo de retomada na cidade e que o próprio elenco também resgatou memórias de presença indígena em suas famílias. “Tem uma questão fundamental em relação à identidade, sobretudo a uma identidade indígena urbana. Então, quando a gente monta esse espetáculo, a gente tá querendo falar dessa presença indígena que marca tanto a formação da cidade. Isso é muito atual.”



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