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Orquestra de Violoncelistas da Emufpa proporciona aprendizado inclusivo de instrumentos de cordas

  • Publicado: Terça, 29 Abril 2025 15:26
  • Última Atualização: Terça, 29 Abril 2025 15:27

Fotografia mostra várias pessoas segurando violoncelos, posando para a foto. Elas vestem roupas pretas estão em frente a uma parede com uma grafitagem escrita "EMUFPA".

 

Posicionados no palco, com arcos em mãos e partituras na altura dos olhos, os estudantes da Orquestra de Violoncelistas da Amazônia Inclusiva (OVAi) começam a tocar. Quem está na plateia reconhece rapidamente a melodia – uma releitura de Voando pro Pará, da cantora Joelma, protagonizada pelo som dos violoncelos em harmonia. No fim da apresentação, quando palmas enchem o auditório, alguns dos ouvintes não imaginam, mas estão aplaudindo pessoas como Lorena Leão, que, além de instrumentista, foi diagnosticada com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) aos 26 anos. 

Lorena é estudante do curso técnico da Escola de Música da UFPA (Emufpa) e graduanda em Música, na UFPA – Campus Guamá. A trajetória da violoncelista no mundo da música começou cedo, quando, ainda criança, ela e sua irmã gêmea entraram em um projeto da Emufpa voltado ao aprendizado inclusivo de instrumentos de cordas friccionadas e percussão, o Programa Cordas da Amazônia (PCA).

“A escola aconselhou a minha família a colocar a gente na música porque não falávamos. Pra gente desenvolver a comunicação e aprender a ter amigos, socializar com as pessoas. Eu tive essa grande transformação na minha vida por conta da música”, conta a estudante. 

 

Fotografia mostra algumas pessoas, em uma sala, segurando violoncelos nas mãos. Elas estão sentadas em cadeiras observando algo.

 

Música e interação – A música envolve uma série de processos mentais, como planejamento motor, memória, atenção, empatia e tomada de decisões. Todas essas funções também são ativadas durante interações sociais, situações corriqueiramente desafiadoras para autistas, pois ter dificuldades na linguagem e na comunicação são características do TEA. Assim, partindo de mais de 30 anos de experiência em educação inclusiva, o professor Áureo DeFreitas, docente da Emufpa e pesquisador da UFPA, encontrou a oportunidade perfeita para desenvolver a proposta da Orquestra de Violoncelistas da Amazônia Inclusiva (OVAi), idealizada em 2017, no âmbito da Escola de Música da UFPA.

“Como pesquisador, professor e músico, o ensino do violoncelo é uma forma de expressão que pode ser universal, capaz de transcender paradigmas e unir pessoas neurotípicas e neuroatípicas provenientes de diferentes culturas e condições. Porém, muitas vezes, esquecemos que isso só é possível quando todos têm acesso, garantido por lei, à educação musical. Por isso é fundamental que promovamos espaços que garantam a acessibilidade nas aulas de violoncelo”, explica o docente.

Compreensão e empatia – Para a estudante Lorena, a compreensão por parte da equipe psicopedagógica é um grande diferencial das aulas da OVAi. “Na nossa sala, a gente tem sete pessoas autistas e cada uma é de um jeito. Então, essa vontade de entender, de acolher e de saber lidar (por estudar bastante o assunto) é fundamental. Na OVAi, a equipe da coordenação sabe lidar com o aluno, sabe procurar estratégias para fazer a gente compreender, para fazer a gente participar. Entendem e respeitam o nosso tempo”.

A estudante acredita que, sobretudo para pessoas neuroatípicas, estimular a interação por intermédio da música tem se provado muito benéfico. E, quando pensada com responsabilidade e cuidado, essa interação musical é capaz de ir além da inclusão, integrando efetivamente os estudantes às atividades. “É como se fosse uma conversa toda em grupo. Isso ajuda o aluno a desenvolver melhor a comunicação, estar em sala de aula, ter atividades em grupo e estudar Música. Acho que essa tem sido a minha melhor experiência na música: poder tocar com os meus amigos e, é claro, tocar instrumentos musicais, que eu gosto muito”, conclui a estudante.

 

Colaboração na aprendizagem – De acordo com Rafaela Alcântara, pesquisadora e integrante da OVAi e doutoranda bolsista do Programa de Pós-Graduação em Artes, da Universidade Federal do Pará (PPGARTES-UFPA), as dinâmicas em grupo são fundamentais para os bons resultados que têm sido apresentados. “A gente não trabalha individualmente. Até quando a gente tem dois, três estudantes, a gente considera mais produtivo do que colocar um estudante e seu professor sozinhos ali, na sala. Nossa aprendizagem é muito colaborativa, cada um vai ajudando o outro”, destaca. 

Segundo a pesquisadora, os estudantes da orquestra também passam a apresentar uma melhora na autoestima quando começam a participar do projeto. Assim, mesmo que seja necessário realizar adaptações, garantir a presença de cada estudante nesse espaço é importante para que se acostumem e para que a família e os cuidadores dessa pessoa a vejam e vejam que ela tem potencial. “Muitos estudantes chegaram para nós ‘só’ para fazer um projeto de pesquisa e terminaram um curso técnico com diploma, terminaram na universidade. Nós já temos estudantes na UEPA e na UFPA, no curso de Licenciatura em Música”, lembra. 

 

Fotografia posada mostra várias pessoas que seguram violoncelos apoiados no chão. Elas estão em frente a uma parede com uma grafitagem escrita "EMUFPA".

 

Sobre o projeto – A OVAi surgiu oficialmente em 2017, mas as práticas inclusivas sempre fizeram parte dos projetos de extensão coordenados pelo professor Áureo, como o Programa Cordas da Amazônia (PCA) e a Orquestra de Violoncelistas da Amazônia (OVA), aos quais, a OVAi é vinculada. As atividades da OVAi são voltadas tanto para o ensino do violoncelo quanto para a integração e inclusão de pessoas com um possível transtorno do desenvolvimento ou dificuldades de aprendizagem (já diagnosticados ou não) – isto é, pessoas autistas, com TDAH, Síndrome de Down e dislexia, por exemplo. 

Para integrar a Orquestra de Violoncelistas da Amazônia Inclusiva (OVAi), é necessário estar regularmente matriculado na Emufpa ou participar das pesquisas conduzidas pelo professor Áureo DeFreitas. Discentes egressos da Emufpa também são bem-vindos. Atualmente, a Orquestra de Violoncelistas Inclusiva é composta por mais de 15 estudantes PcD e realiza apresentações periodicamente.

 

TEXTO: Gabriela Cardoso - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

FOTOS: Divulgação EMUFPA

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